LÚPUS E GRAVIDEZ

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Algumas das preocupações mais comuns nas pacientes diagnosticadas com lúpus eritematoso sistêmico (LES) estão relacionadas com a gravidez.

Por exemplo,

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O LES é uma doença que se desenvolve principalmente em mulheres jovens, durante a fase fértil da vida. Por isso, a gravidez é uma preocupação comum das mulheres com lúpus e seus parceiros.

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Normalmente, a fertilidade é conservada, por isso, a maioria das mulheres com LES podem ficar grávidas como qualquer outra mulher sem a doença. Embora atualmente seja possível uma gestação sem complicações em um grande número de mulheres com LES, em alguns casos, a gravidez pode afetar a saúde da mãe, do bebê ou dos dois.

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Há recomendações fundamentais que as mulheres com lúpus e seus parceiros devem conhecer tanto para planejar a gravidez e levá-la adiante sem complicações quanto para evitar a gravidez em casos ou circunstâncias em que a saúde da mãe ou do bebê possa estar em perigo.

RECOMENDAÇÕES

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  • A gravidez em uma mulher com LES deve ser planejada em conjunto com o seu médico. O momento ideal para gestação deve ser pelo menos após seis meses do lúpus em estado de remissão (adormecido ou inativo).

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  • Como o LES é diferente de paciente para paciente, cada mulher com lúpus deve receber informações do seu reumatologista ou médico com experiência em lúpus, sobre as potenciais complicações que a gravidez poderia ocasionar nela e no seu bebê.

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  • Uma vez que alguns medicamentos usados para controlar o LES podem oferecer risco para o feto, a mulher com lúpus deve ser orientada quanto às medicações que são contraindicadas durante a gravidez e aquelas que podem ser utilizadas sem risco para si ou para o bebê.

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  • A gravidez deve ser acompanhada por uma equipe médica com experiência em lúpus e gravidez de alto risco. Essa equipe inclui o reumatologista (especialista em lúpus), o obstetra (especialista em gravidez) e o neonatologista (especialista em recém-nascidos).

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  • A mulher com lúpus deve ir pontualmente a suas consultas com seu reumatologista e seu obstetra.

PERGUNTAS FREQUENTES

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SE EU TENHO LÚPUS, POSSO ENGRAVIDAR?

A resposta é sim na maioria das mulheres, mas a doença deve estar em remissão pelo menos durante seis meses para diminuir o risco de complicações maternas e fetais.

EM QUE CIRCUNSTÂNCIAS É RECOMENDADO EVITAR A GRAVIDEZ?

A gravidez NÃO é recomendada quando o lúpus está ativo ou quando a mulher está sob tratamento com medicamentos que podem oferecer riscos ao feto.

Em poucas mulheres com lúpus e complicações graves, a gravidez pode colocar a vida da mãe ou do bebê em perigo, portanto, o médico pode recomendar evitar a gravidez de maneira permanente. Esses casos são: Pressão elevada (grave) nas artérias que irrigam os pulmões, também conhecida como hipertensão arterial pulmonar. Essa é uma complicação grave que aparece raramente em pessoas com LES ou com síndrome antifosfolípide. A hipertensão arterial pulmonar não deve ser confundida com a hipertensão arterial (pressão alta), muito comum em pessoas com ou sem LES. Insuficiência cardíaca grave, que pode entrar em descompensação devido à maior demanda cardiovascular durante a gravidez, e pode levar a uma alteração do crescimento fetal ou a complicações cardiovasculares na mãe. Doença pulmonar restritiva grave, que pode entrar em descompensação durante a gravidez e aumentar o risco de complicações na mãe e no feto. Insuficiência renal crônica, que pode entrar em descompensação por causa da maior demanda durante a gravidez.

QUE MEDICAMENTOS POSSO RECEBER DURANTE A GRAVIDEZ?

Em geral, a prednisona e outros corticoides, determinados anti-inflamatórios e analgésicos, a hidroxicloroquina, a cloroquina e a azatioprina são medicamentos que podem ser utilizados durante a gravidez, sempre sob indicação e supervisão de um médico com experiência no tratamento e acompanhamento de pacientes com LES.

OS MEDICAMENTOS QUE EU TOMO PARA CONTROLAR A DOENÇA PODEM AFETAR MEU BEBÊ?

Alguns medicamentos como o metotrexato, a leflunomida, o micofenolato mofetil e a ciclofosfamida (entre outros) estão totalmente contraindicados durante a gravidez uma vez que podem afetar o desenvolvimento do bebê e causar malformações congênitas.

QUAIS SÃO OS RISCOS SE EU ENGRAVIDAR?

Nas mulheres com lúpus ativo no momento da gravidez a doença é mais difícil de controlar e podem ser necessárias altas doses de corticoides ou combinações de medicamentos para conseguir que o lúpus entre em remissão (seja adormecido). Quando há nefrite lúpica ativa (inflamação dos rins pelo lúpus) no momento da gravidez, a função dos rins pode declinar rapidamente, o que, por sua vez, afeta de maneira negativa a mãe e o bebê. Em menos de um terço das mulheres com lúpus, durante a gravidez pode haver complicação com aumento da pressão arterial, conhecida como pré-eclampsia. Se não for tratada adequadamente, a pré-eclampsia pode progredir e afetar o funcionamento dos rins, causar convulsões e colocar a vida da mãe e do bebê em risco.

QUE EXAMES DEVO REALIZAR DURANTE A GRAVIDEZ?

Durante a etapa de planejamento da gravidez, ou ao início dela, é recomendado avaliar determinados autoanticorpos que podem ter efeitos negativos sobre a mãe ou o feto, como os anticorpos antifosfolipídeos, anti-Ro e anti-La. Em geral, o reumatologista avaliará o lúpus mensalmente através do exame físico e de exames de sangue e urina. Exames laboratoriais imunológicos para avaliar a atividade do lúpus (anti-DNA e complemento) podem ser realizados em cada trimestre da gestação ou com mais frequência se houver maior risco de atividade. O obstetra avaliará mensalmente o desenvolvimento da gravidez e a saúde do feto com a ajuda de ultrassonografias e outros estudos especializados.

QUAL É A MELHOR FORMA DE PARTO PARA MIM?

Se não existir contraindicação, o parto pode ser vaginal. No entanto, quando o bebê tem sofrimento fetal ou a mãe apresenta alguma complicação, pode ser necessária a operação cesariana.

MEU FILHO PODE HERDAR A DOENÇA?

Existe uma forma de lúpus, conhecida como lúpus neonatal que ocorre em alguns bebês de mães com lúpus que, por sua vez, têm anticorpos anti-Ro. Esses anticorpos passam da mãe para o feto através da placenta. Os sintomas mais frequentes do lúpus neonatal são erupções na pele do bebê ao nascer, que desaparecem completamente em aproximadamente seis meses. Uma manifestação rara, porém também mais grave do lúpus neonatal, é quando o bebê nasce com uma arritmia cardíaca, conhecida como bloqueio cardíaco completo. Essa complicação ocorre somente em 2 de cada 100 bebês na primeira gravidez de mulheres com esses anticorpos. No entanto, o risco aumenta para cerca de 20% em gestações subsequentes, depois do nascimento de um bebê acometido. Essa complicação pode ser detectada e tratada durante a gravidez, por isso, é importante que os anticorpos anti-Ro sejam avaliados como parte do planejamento nas mulheres com lúpus que desejam engravidar.

TENHO ANTICORPOS ANTIFOSFOLIPÍDEOS E QUERO ENGRAVIDAR, POSSO FAZÊ-LO?

Ter anticorpos antifosfolipídeos não é uma contraindicação para a gravidez. No entanto, esses anticorpos podem causar abortos espontâneos ou predispor a mãe a desenvolver coágulos que bloqueiam algumas veias ou artérias. Por isso, a detecção antes da gravidez é fundamental para iniciar um tratamento que evite o aborto e as complicações por coágulos vasculares.

QUE MEDICAMENTOS POSSO TOMAR DURANTE A GRAVIDEZ E A AMAMENTAÇÃO?

Os antimaláricos (hidroxicloroquina e cloroquina) são seguros durante a gravidez e a amamentação. Além disso, evitam o surgimento de manifestações do lúpus ou recidivas durante e depois da gravidez.

Os corticoides podem ser tomados durante a gravidez e a amamentação. No caso de necessitar corticoides, é conveniente primeiro amamentar o bebê ou extrair o leite para armazenar, e depois tomar a dose da medicação. Normalmente é recomendado esperar 4 horas para amamentar novamente.

QUE MEDICAMENTOS ESTÃO CONTRAINDICADOS DURANTE A GRAVIDEZ E A AMAMENTAÇÃO?

O metotrexato, a leflunomida, o micofenolato de sódio ou de mofetil e a ciclofosfamida NÃO devem ser administrados durante a gravidez nem durante a amamentação. Os efeitos adversos dos agentes biológicos como belimumabe ou o rituximabe não foram avaliados em mulheres grávidas ou durante a amamentação. Portanto, não são recomendados nestas fases da vida da mulher.