LÚPUS E RINS

Quando o lúpus ataca os rins causa o que os médicos chamam de “nefrite lúpica”. Portanto, daqui em diante utilizaremos o termo nefrite lúpica nesta situação. Isso acontece porque há uma inflamação (“ite”) nos rins.

Cerca da metade dos pacientes com lúpus desenvolve nefrite lúpica. No entanto, a nefrite lúpica pode ser dividida em diferentes tipos ou classes.

A nefrite leve causa mudanças mínimas nos rins, que que levam a alterações discretas nos exames de sangue e urina.

Outros tipos de nefrite são mais graves e podem causar desde alteração importante nos exames de urina e urina espumosa, além de pressão alta, edema ou retenção de líquidos, ou até sintomas mais graves como confusão, convulsões e dificuldade para respirar devido à falha nos rins ao filtrar o sangue e eliminar substâncias tóxicas.

Diante da suspeita de nefrite lúpica é recomendado realizar um procedimento chamado de biópsia renal. A biópsia é a obtenção de uma amostra muito pequena do rim através de uma punção, usando anestesia local. Essa amostra de tecido é analisada pelos médicos patologistas (especialistas que diagnosticam doenças por meio da análise de tecidos) e oferece muita informação aos médicos que estão realizando o tratamento (reumatologistas ou nefrologistas). Ela permite avaliar as opções terapêuticas de acordo com o tipo e extensão da inflamação para, assim, conseguir uma melhor evolução da doença.

O objetivo do tratamento é eliminar a inflamação e preservar a função dos rins, o que ajudará a ter uma melhor qualidade de vida no futuro. Quanto mais cedo for tratada a inflamação dos rins, maior será a possibilidade de controlá-la e menor o risco de falha nos rins. A nefrite lúpica não tratada ou tratada inadequadamente aumenta o risco de que os rins deixem de funcionar corretamente, o que pode causar a morte do paciente, a menos que receba diálise ou um transplante renal (de rim).

Felizmente, hoje existem tratamentos que permitem controlar a inflamação dos rins na maioria dos casos e evitam essa e outras complicações derivadas da doença não controlada. Dentre os tratamentos utilizados, encontram-se medicamentos como os corticoides, a ciclofosfamida e o micofenolato mofetil.

É importante conversar com seu reumatologista sobre as vantagens e desvantagens de cada medicamento e como é o tratamento.

O médico reumatologista ou nefrologista usará inicialmente combinações de medicamentos com o objetivo de conseguir a remissão da inflamação ou da nefrite lúpica. Uma vez alcançada a remissão, ele indicará outras combinações para evitar recidivas ou a reativação renal. Se for necessário, serão adicionados medicamentos ou outras medidas terapêuticas para controlar o edema e a pressão arterial, bem como para evitar a perda de proteínas pela urina.

A duração do tratamento da nefrite lúpica pode ser aproximadamente de três anos, mas, uma vez alcançada a remissão completa, o acompanhamento médico e algumas medicações de manutenção devem continuar toda a vida.

PONTOS RELEVANTES

Diante da suspeita de nefrite lúpica é apropriado realizar uma biópsia renal para determinar o tipo e extensão da inflamação, bem como para orientar o tratamento.

A nefrite lúpica varia de acordo com cada paciente, de leve para grave. Quando o paciente não recebe o tratamento adequado ou quando não há uma boa resposta ao tratamento, a inflamação dos rins pode causar cicatrizes que levam a uma falha permanente dos rins ao filtrar as substâncias tóxicas do sangue. Isso é conhecido como insuficiência renal crônica. Os pacientes com essa complicação podem requerer diálise ou transplante renal para sobreviver.

A nefrite lúpica pode ser controlada se for diagnosticada e tratada de maneira precoce e adequada.

Os medicamentos usados para tratar a nefrite lúpica têm efeitos não desejados, mas o benefício que oferecem para o controle da doença geralmente é maior que os eventuais riscos.

Os sintomas da a nefrite lúpica variam e muitas vezes as pessoas que acometidas podem ter sintomas leves que passam despercebidos por longo tempo. Por isso, é importante realizar controles frequentes com o reumatologista ou o nefrologista.

Além dos medicamentos usados para tratar a inflamação dos rins, é importante realizar um controle adequado da hipertensão arterial, do inchaço e da perda de proteínas pela urina, bem como manter uma dieta saudável.

DICAS DE CUIDADO E CONTROLE

1. Consulte seu médico se você apresentar urina com espuma, inchaço nos pés ou no rosto, ou um aumento repentino da pressão arterial.

2. Tente evitar o consumo frequente de anti-inflamatórios que não tenham sido indicados pelo seu médico, já que podem causar danos nos rins.

3. Se você tiver nefrite lúpica, é importante realizar um controle adequado da pressão arterial. Siga as dicas do seu médico quanto aos medicamentos para a pressão e o consumo de sal.

4. Se você estiver realizando tratamento para nefrite lúpica, deve receber, anualmente, a vacina contra a influenza e outras vacinas indicadas pelo seu médico.

5. Fumar tem efeitos muito nocivos para a saúde em geral e para o funcionamento dos rins em particular. Por isso, se você tiver lúpus e fumar, converse com seu médico para receber ajuda e encontrar um tratamento adequado para deixar o cigarro.

PERGUNTAS FREQUENTES

O QUE É A NEFRITE LÚPICA?

É a inflamação dos rins como consequência do lúpus.

TENHO LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO (LES) E ME INFORMARAM QUE TENHO NEFRITE LÚPICA, VOU PRECISAR FAZER DIÁLISE RENAL NO FUTURO?

Aproximadamente 4 de cada 100 pessoas com nefrite lúpica precisam fazer diálise 10 anos depois do começo da nefrite. O risco é maior quando há demora no diagnóstico e no início do tratamento adequado. A melhor maneira de evitar a diálise é consultar a tempo seu médico, realizar controles regularmente para receber tratamento oportuno, e contar com uma equipe de reumatologistas e nefrologistas que trabalhem em conjunto.

HÁ DIFERENÇAS NA PREDISPOSIÇÃO PARA TER NEFRITE LÚPICA ENTRE PACIENTES COM LÚPUS DE DIFERENTE RAÇA, OU ENTRE HOMENS E MULHERES?

A frequência da nefrite lúpica entre pacientes com lúpus é maior nas pessoas que têm a pele mais escura (mestiços, ou descendentes de africanos ou indígenas) que naquelas que têm pele branca. Embora não exista consenso, alguns estudos sugerem que os homens com lúpus podem ter problemas nos rins com mais frequência que as mulheres.

COMO SEI SE O LÚPUS ESTÁ ATACANDO MEUS RINS?

Para perceber o problema de forma oportuna sempre é importante ter um reumatologista que acompanhe o tratamento, realizar exames rotineiramente e consultar o médico rapidamente se apresentar: urina espumosa, inchaço nas pernas, retenção de líquidos ou aumento da pressão arterial.